Antes da trilogia 50 Tons de Cinza, de E. L. James eu não me recordo de ter lido qualquer livro erótico. Meu gosto pela leitura começou muito cedo e embora tenha explorado vários gêneros literários, nunca me passou pela cabeça investir na literatura erótica. Pra ser mais específica, eu sequer me recordo de ver livros eróticos nas livrarias a alguns anos atrás. Honestamente, se tivesse visto, provavelmente não teria coragem de me aproximar com receio do julgamento das pessoas que estivessem por perto (ainda que elas fossem desconhecidas e não pagassem a minha conta!).
Isso só mostra o quanto o SEXO sempre foi um tabu no universo feminino. Eu me lembro que quando eu tinha 13 anos, uma vizinha com 21 anos engravidou do namorado 5 anos mais novo. Ambos eram meus amigos (apesar da diferença de idade). Quando a notícia se espalhou, minha mãe me chamou pra conversar. Eu na minha inocência achei que teria uma aula sobre sexo. Ledo engano. Minha mãe me olhou e falou: “você sabe o que aconteceu com Aline, não sabe?”, eu disse que sim e ela com todo o desconforto do mundo estampado na face terminou a conversa com “o que eles fizeram é errado”! Como assim Bial?
Se nem coragem pra falar de sexo havia, imagina comprar um livro sobre o assunto? Meu filho mais velho quando tinha 9 anos, chegou pra mim e pro meu marido e pediu uma revista Playboy. Eu tomei um susto por causa da idade dele, afinal pra mim ele ainda era um bebê. Mas, segundo ele, todos os amigos já tinham visto a revista e ele também queria ver, até pra não se sentir excluídos das conversas. Pois bem, meu marido saiu com ele pra comprar, mas pro azar dele, que sonhava em ver Scheila Carvalho, a capa da edição de novembro de 2009 foi da maravilhosa e infelizmente falecida, Fernanda Young. Ele não escondeu a cara de decepção ao ver uma mulher pelada mais velha que a mãe dele na capa. Mesmo assim decidiu comprar a revista. PS: Para as crianças, qualquer um que passa dos 30 anos é velho! Imagina se for mais velho que seus pais!
Enquanto as meninas tinham que se mostrar recatadas em relação ao tema sexo, os meninos adolescentes eram estimulados a ver revistas eróticas e não havia pudor nenhum em falar sobre isso. Até que em 2011 fomos hipnotizadas por Christian Grey. Foi incrível ver como ele mexeu com a fantasia feminina mundo afora. O mais curioso é que as mulheres não consideravam (ou não queriam admitir) o livro categorizado como erótico e eu me incluo nesse bolo. O fato é que fomos fisgadas de tal forma que devoramos os 3 livros num piscar de olhos. E pela 1ª vez falávamos sobre o tema sexo (ainda que disfarçado de romance) abertamente. A trilogia era o tema de praticamente todas as rodas de conversas femininas. Especialistas no assunto e leitoras assíduas do gênero dizem que a trilogia é “água com açúcar” se comparada a outras obras do gênero.
De lá pra cá, o mercado de literatura erótica para mulheres cresceu muito. Inclusive já existem vários Books Clubs focados nesse tema. Isso significa que estamos nos tornando mais confortáveis falando sobre sexo. Porém, um fato curioso é que, a fim de evitar o constrangimento na hora da compra, a mulherada prefere comprar livros digitais. De acordo com o jornal britânico Daily Mail, as vendas de romances eróticos cresceram 30%, ao passo que os leitores apostam em suas versões digitais e por isso já tem editoras que passaram a publicar esse gênero literário mais na versão online do que na impressa.
O acesso digital deu às mulheres a permissão para explorar seus sentimentos sobre sexo e fantasia. E de acordo com um estudo científico do pesquisador Harold Leitenberg do The Journal of Sex Research, as mulheres que lêem romances ou romances eróticos têm surpreendentes 74% mais sexo com seus parceiros do que aquelas que não o fazem. Ou seja, um excelente motivo para despertar para esse gênero literário. A sua vida sexual agradece!
Se você tiver curiosidade de conhecer mais sobre esse gênero, segue a minha dica de 2 livros:
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